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DIGITO

2006/07/25

fumaça na telinha

Entre um zap e outro, vejo uma nuvem como um fantasma. Cof, cof, cof. A cena de Páginas da Vida tratava de assuntos triviais. Pudera. Como sempre. Mas, o que impressionava era o sugestionamento do cigarro. A atriz não pitava, mas insistentemente balançava o seu cigarro no cinzeiro. Pela fumaça parecia até um incenso. Mas, nada zen. Tudo trash. Merchandising porco. Não aguentei e mudei de canal. Plim-plim.

2006/07/22

simples e difícil

Por que o simples é tão difícil? Sempre me faço essa pergunta quando invento de preparar o arroz. Nunca fica soltinho igual ao dos comerciais. Ou parecido com aquele que a mãe de um amigo sabe fazer tão bem.

Há três coisas simples que até hoje não aprendi fazer: arroz, feijão e lavar louça. Parece ser o mínimo necessário para sobrevivência numa cozinha. Mas, o paradoxo está justamente nisso. De resto, aprendi a fazer muita coisa. Do ovo frito ao churrasco, do miojo à lasanha, do pão caseiro ao croissant.

Mas, meu arroz fica tipo "unidos venceremos". Meu feijão, sem gosto e sem graça. E a louça, quase limpa.

Um dia a gente aprende. É... Assim muitas tentativas e erros... Ou talvez a gente só continue tentando... e nunca aprenda...

2006/07/20

quarto frio

Nada melhor do que acordar com a luz da manhã. Entretanto, o sol não fica parado. E de tarde, ele caminha do outro lado.

No inverno, tenho a sensação que meu quarto é um refrigerador. E o meu pé frio é sinal de azar. Mas, não é nada disso.

E se a noite congela os sentidos, um cobertor de ouvido sempre me faz sonhar.

2006/07/17

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Invenção Amiga*

Eu projeto uma invenção
em que minha placa-mãe se reconheça,
todas as placas mães se reconheçam,
e que plugue para dois barramentos.

Navego por um site
que linka em muitos portais.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo usuários online.

Eu distribuo um hoax
como quem bloga ou orkurte.
No jeito mais digital
dois solitários se procuram.

Meu e-mail, nossos e-mails
formam um só spam.
Aprendi novos emoticons
e tornei outros mais criativos.

Eu projeto uma invenção
que possa humanizar os homens
e entreter as crianças.

*Paródia do poema 'Canção Amiga' de Carlos Drummond de Andrade.

2006/07/16

sonhos em série

Há noites que passam num fechar e abrir de olhos. Estamos tão ocupados que não nos permitimos nem sonhar.

Hoje foi diferente. Tive sonhos em série. Uma superprodução de bizarrices oníricas. Um REM eletrizante.

Acordei num outro sonho. Crianças brincavam na sala. Olho para o relógio. São 18h39. Pela janela, vejo os faróis dos carros como se fossem uma serpente de luz deslizando pela estrada.

Subitamente, estou no meio do mato. Assisto a uma aula sobre educação. No notebook, redijo um texto. As cadeiras estão molhadas. Entre as folhagens, percebo um pé de porco dilacerado.

Viro-me. Estou em Sampa. As pessoas ainda discutem sobre a derrota vergonhosa da seleção brasileira na Copa. De algum lugar, ouço os Ronaldos tentarem se justificar. De repente, o presidente Lula desembarca numa esquina. Perguntam: "Como o senhor avalia a imagem do Brasil, após a participação desastrosa na Copa do Mundo?". Apressado ele responde: "Apenas refletiram a imagem de um povo desacreditado". Confusão. Populares não se agradam com a declaração do presidente e ameçam agredí-lo. Lula escapa. Está transtornado. Um jornalista, José Roberto Chichilia (que nunca ouvi falar), dá um beijo em sua face e fala algumas palavras para acalmá-lo. Depois, desaparecem na multidão.

Anoitece. Penso em voltar para casa. Está quase deserto. O comércio de portas fechadas. E vejo grades por todos os lados. Têm mais de 5 metros de altura. É como se eu estivesse num labirinto ou numa prisão. Encontro dois policiais e pergunto como atravessar a rua. Eles me informam que há saída somente na avenida Anápolis. Indignado, desço a rua entre as paredes de ferro.

Que sonho maluco. Ou profético. Não tenho certeza. Sei apenas que não devo comer demais antes de dormir.

2006/07/13

manchetes sangrentas

Às vezes, não acredito no que vejo. Outras vezes, não entendo. Ou ainda, seja melhor fechar os olhos.

Não queria ser repetitivo. Ou fingir que nada de errado está acontecendo. Mas como?

As manchetes sangrentas cobrem suas vítimas. Como um manto sujo e indigente. Estamos numa guerra (civil)? Até onde isso vai parar?

2006/07/07

mãos trêmulas, dedos congelados

Não sei se foi o medo. Ou se foi o frio. A violência paralisou o teclado. E o frio congelou os dedos. Desculpem-me pelo meu repentino desaparecimento.

Este inverno chegou cruel e traiçoeiro. Meu pai adoeceu. E eu tive que resistir de todas as gripes, os resfriados e os males respiratórios para cuidar dele. Foi difícil. Mas, ele está se recuperando.

O sol brilha. Mas, a brisa é fria. Apesar de tudo, é sempre bom um pouco de luz em nossas vidas.